BBB14 – Angela, advogada sugere que matem todo mundo que tenha HIV/AIDS
“Vamos matar todo o mundo.” Essa foi a sugestão da participante do “BBB 14” Angela, 26 anos, advogada, de São Roque (SP) como medida para ser aplicada a todas as pessoas vivendo com HIV. Não satisfeita, depois de proferir a sentença de morte, a advogada ainda disse: “O que mais me irrita é saber que a aids existe porque teve um idiota que foi transar com um macaco.”
Advogada participante do `BB14` sugere extermínio das pessoas vivendo com HIV e causa revolta nas redes sociais e entre ativistas.
Continua causando indignação o silêncio da Globo quanto à sugestão dada pela advogada Angela, participante do reality show “BBB 14” , de que a morte das pessoas vivendo com HIV seria a solução para acabar com o vírus. A moça fez o comentário infeliz na sexta-feira, dia 14. Imediatamente, vieram as manifestações de revolta contra a fala dela, nas redes sociais. Foram muitos os pedidos de retratação da Globo, o que, até esta segunda-feira (dia 17), não havia acontecido. Entidades e ongs continuam se manifestando.
Vejam só a petição que já foi criada pela imediata retratação do Big Brother Brasil e da Rede Globo, quanto aos portadores de HIV/AIDS. Clique aqui para assinar a petição.
Preconceito.
Infelizmente o preconceito, o estigma e a discriminação em torno do Tema HIV|Aids ainda é muito grande. Acho que essa Mulher, assim como milhares de pessoas por aí (como uma fã da cantora Anitta , que postou que ela estava com cara de “CAVALO COM AIDS”, depois da cirurgia no nariz) deveriam se policiar, participar de algum Encontro, Seminário ou Curso de Direitos Humanos sobre DST, Aids e Hepatites Virais em seus Estados ou Municípios.
A Constituição Federal afirma que todos são iguais perante a lei, sendo vedado qualquer tipo de discriminação. Alguns Estados reforçam em sua legislação a vedação da discriminação em razão do HIV/aids. São eles:Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.
Falta de sensibilidade e falta de informação são fatores que contribuem, a cada dia, para o aumento dos casos de Aids e outras DST , interferindo cada vez mais na saúde da população.
Ongs se manifestando
Abaixo, reproduzimos na íntegra as cartas endereçadas à Globo pelas coordenação do Programa Estadual de DST/Aids-SP, Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids e Fórum de Ongs /Aids:
À CENTRAL GLOBO DE PRODUÇÃO
A Coordenação Estadual DST/Aids-SP manifesta sua preocupação em relação ao episódio ocorrido no último dia 14 de março na 4ª edição do Programa Big Brother Brasil da Rede Globo de Televisão, que envolveu a advogada Angela, 26 anos, de São Roque (SP). Na ocasião, a mesma sugeriu “vamos matar todo mundo”, como forma de eliminar a epidemia de AIDS. Não satisfeita, a advogada emendou: “o que mais me irrita é saber que a aids existe porque teve um idiota que foi transar com um macaco”.
Considerando as informações incorretas e eticamente condenáveis no que se refere tanto a epidemia quanto as pessoas vivendo com HIV/Aids, que reforçam o preconceito e o estigma , solicitamos a Rede Globo de Televisão a retificação da declaração feita pela participante do reality show
Para eliminarmos a epidemia é preciso saber informar e, sobretudo, respeitar os direitos humanos das pessoas vivendo com HIV/Aids.
Dra. Maria Clara Gianna
Coordenadora do Programa Estadual DST/Aids-SP
RNP+ Brasil lamenta que a Rede Globo preste desserviço à saúde de milhares de brasileiros
Emissora deveria informar ao invés de reforçar o preconceito e a discriminação às pessoas com HIV
“Vamos matar todo mundo.” Com a frase, uma participante do Big Brother Brasil 14 sugeriu que se acabasse com a epidemia de HIV/AIDS no planeta. Transmitida em rede nacional pela Rede Globo na sexta-feira, 14 de março, a sugestão da pena de morte às pessoas que vivem com HIV e AIDS, acompanhada da informação de que “um idiota” teria feito sexo com um macaco e posteriormente disseminado o vírus, sem que a emissora tivesse pedido explicações a ela – como fez em outras ocasiões com afirmações descabidas –, preocupa a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (RNP+ Brasil) ao formar a opinião de milhares de telespectadores em todo o país.
A pandemia de HIV/aids eclodiu no início dos anos 1980, acompanhada de preconceito, discriminação e uma sentença de morte às suas vítimas. A partir de 1996, a introdução da terapia antirretroviral – combinação (coquetel) de medicamentos – tem aumentado paulatina e significativamente a expectativa de vida das pessoas infectadas pelo HIV, chegando-se a que, na atualidade, para as pessoas que contraíram o vírus por via sexual, com diagnóstico e tratamento oportunos, a expectativa de vida é similar àquela das pessoas sem HIV.
Milhares de cidadãs e cidadãos em todo o Brasil têm HIV e não sabem; significativa parcela destes brasileiros deve chegar aos serviços de saúde com complicações provocadas pela AIDS, síndrome que se instala no organismo de quem tem o vírus HIV, não conhece o diagnóstico e não recebe tratamento.
Recentemente, pesquisas científicas têm mostrado que essas mesmas drogas podem impedir que o vírus instale-se no organismo de um indivíduo possivelmente infectado pelo vírus, se em até 72 horas depois da ocorrência sexual ou profissional procurar um serviço de saúde e tomar o coquetel por um mês. Adotada há alguns anos pelo Ministério da Saúde em todo o Brasil, essa estratégia é chamada de profilaxia pós-exposição (PEP). Outro estudo, sobre a profilaxia pré-exposição (PrEP), sugere combinar o coquetel ao uso de preservativos para reduzir expressivamente a infecção em populações mais vulneráveis ao vírus, como jovens em fase escolar e adultos em idade de alta produtividade no trabalho.
Atualmente, sabe-se que pessoas com HIV que tomam seus antirretrovirais regularmente têm chance desprezível de infectar suas parcerias sexuais. A estratégia do tratamento como forma de prevenção (TcP) da transmissão do HIV começa a ser implantada no Brasil. A circuncisão masculina tem elevada eficácia na proteção da infecção para homens heterossexuais. Baseados em evidências, pesquisadores em todo o mundo têm afirmado que essas novas tecnologias de prevenção e de tratamento podem acabar com a transmissão do HIV em até 50 anos.
A RNP+ Brasil lamenta profundamente que a Rede Globo tenha se omitido no cumprimento de seu papel social, contribuindo para aprofundar o preconceito, a discriminação e prestando um desserviço às pessoas que vivem com HIV e AIDS. Lamentamos ainda que o apresentador do programa, em respeito à sua longa amizade com o cantor e compositor Cazuza, vítima mortal da AIDS, não tenha se sensibilizado com a frase infeliz da participante do reality show.
Em nome das pessoas que vivem com HIV e AIDS no Brasil, de seus pais e de seus filhos – que ficariam órfãos com a eliminação de seus pais soropositivos –, a RNP+ Brasil pede que a Rede Globo de Televisão se esforce para corrigir a declaração da participante de seu programa de entretenimento.
Criada em 1995 no Rio de Janeiro, a RNP+ Brasil tem atuação em todos os estados e no distrito federal, nos quais participa de conferências e conselhos de saúde, bem como na proposição e monitoramento de políticas públicas de saúde. Acreditamos que contribuímos para o controle da transmissão do HIV e para a eliminação da epidemia de AIDS no Brasil. Até que a cura torne-se uma realidade e não a eliminação das pessoas que vivem com HIV e AIDS.
Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS, 16 de março de 2014.
Fórum de Ongs/Aids de São Paulo repudia manifestações do programa ‘Big Brother Brasil’
O Fórum de Ongs/Aids de São Paulo, colegiado que reúne mais de 100 organizações com atuação em defesa da saúde pública de qualidade e pela garantia de manutenção dos direitos das pessoas que vivem com HIV e Aids ,e das minorias mais afetadas pela epidemia, vem através desta nota manifestar seu repúdio as manifestações ocorridas no programa “Big Brother Brasil” da ultima sexta-feira, 14 de março, com a sugestão da pena de morte às pessoas que vivem com HIV e Aids e outras atitudes desrespeitosas progatonizadas por uma das participantes e transmitidas em rede nacional.
As manifestações ferem diretamente os Direitos Humanos das pessoas que vivem com HIV e Aids no Brasil, suas famílias e entrono social e oferece um desserviço a luta por igualdade de tratamento e incentivo a descoberta da sorologia. Lamentamos também que a Rede Globo, concessão publica, tenha permitido tamanha atrocidade ser veiculada, semeando a desinformação e discriminação, por fim espere que tal afirmação possa ser retratada e que a luz da informação e solidariedade brilhe acima da guerra por audiência e anunciantes.
Eu já não sou muito fã desse programa e essa idiota ainda solta uma dessas … lamentável.
Fonte: Agencia da Aids